domingo, 8 de março de 2009

Lugar de mulher é na coisinha


Há quem faça uso da expressão “coisa de mulher” como se a coisa em questão fosse algo tão tenebroso e incompreensível que realizá-las, ou pensá-las, ou dizê-las, ou querê-las, ou conjugá-las sob qualquer outro verbo só poderia mesmo ser exclusividade da ininteligível condição feminina. Medo de barata? Coisa de mulher. Demorar no banho? Coisa de mulher. Experimentar todas as roupas do armário e sair justamente com a primeira? Coisa de mulher. Assistir ao mesmo filme água-com-açúcar pela centésima nonagésima sétima vez e chorar copiosamente como se fosse a avant premiére? Coisa de mulher. Mulheres realmente fazem isso – o que não quer dizer que alguns homens também não o façam, mas isso não vem ao caso (por enquanto). O que realmente interessa são as coisas de mulher que costumam passar despercebidas, ou nem tanto. E que todas as mulheres gostariam que fossem lembradas como genuínas coisas de mulher.Coisa de mulher é ter peito, muito além do volume delimitado pelo sutiã. E mangas, arregaçadas diariamente na lavra da parte que lhes cabe no latifúndio da vida. Foi-se o tempo em que coisa de mulher era esquentar a barriga no fogão e esfriar no tanque. Embora muitas vezes ainda façam esse percurso, esse não é mais o único caminho a seguir: mulheres têm a liberdade de pavimentar seu chão com suas próprias escolhas e conquistas.Casar talvez ainda seja coisa de mulher. Mas, muito mais do que casar, coisa de mulher é amar e ser feliz. Coisa de mulher é beijar, abraçar, fazer amor ou sexo segundo sua vontade. Gozar. Curtir seu corpo e sua feminilidade. Orgulhar-se de sua sexualidade. Porque ser mulher nada tem a ver com orientação sexual, assim como passa longe de ser dependente da genética – a fêmea vem ao mundo e se faz mulher à proporção de suas vivências. Construir-se – e reconstruir-se – é coisa de mulher.Chorar é coisa de mulher. E mulher chora fácil, e por tudo – pois, para um coração de mulher, nada há que não mereça pelo menos uma lágrima (até que provem ao contrário). Mas coisa de mulher, mesmo, é sorrir. O meio sorriso de Monalisa, o riso escancarado de Denise, a gargalhada cristalina de Jéssica... as risadas todas, de todos os timbres, com e sem motivo. Coisa de mulher é parir. Filhos, sonhos, idéias, pensamentos, tendências – e alimentar esses frutos com o leite de seu corpo e de sua alma. Estar a postos para vê-los crescer, se agigantar, frutificar – e, dia após dia, se surpreender, orgulhosa, a lamber a cria que concebeu.Coisas de mulher são aquelas coisinhas peculiares e encantadoras que fazem das mulheres criaturas ímpares. O encanto, a sedução, e td mais!

Um comentário:

  1. Esse texto é meu e está devidamente registrado na bilblioteca nacional. Credite a autoria ou denunciarei você por plágio.

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